Quintais Produtivos

Você já deve ter ouvido falar, ou mesmo te visto aqui em nosso blog, ou ali, ou em termo vulgar, quintais caseiros. 
Ruthemberg e Price definem esse sistema como um complexo de plantas perenes ou semi-perenes, utilizados por pequeno agricultores com uma superfície de 1 ha (um hectare) e que se encontram próximos de suas casas. Bom, o fato é que os jardins dos sonhos são sistemas biodiversos. E quem não sonha com um lugar lindo, verde, cheiroso, cheio de energias, em equilíbrio natural, que seja inspirador e exemplo de espaço de qualidade ecológica, e que tem como princípio a diversificação produtiva? Um lugar para reciclar o próprio lixo, melhorar a qualidade do solo, interagir as espécies animais e vegetais, conservar e renovar os recursos.Fazer um quintal produtivo, ou mesmo explorá-lo, até porque são espaços predominantes, precisa inicialmente de uma leitura da paisagem para identificação das plantas úteis já presentes, das ervas nativas conhecidas e dos animais que também ajudam nessa interação. Dessa forma podemos deduzir outras espécies úteis que poderão fazer parte desse espaço. O enfoque agroecológico é considerado muito importante nesse processo por reunir práticas importantes para a conservação do meio ambiente.Várias são as formas de trabalhar esses espaços, resultando num diversificado ambiente com mais oxigênio, sombra para água fresca, cercas vivas, corredores de fauna urbana, conservação e perpetuação das espécies úteis. Tudo pode ser (re) aproveitado nos quintais! Nos quintais produtivos temos imensa riqueza cultural. Para seu elevado potencial recomendam-se ter todas as espécies possíveis no ambiente do paisagismo sustentável, plantas para enriquecerem o sabor e o valor nutritivo dos alimentos, raízes, tubérculos, fruteiras, medicinais, ornamentais, além de espécies com outras utilidades. Ah, detalhe importante: mesmo em pequenas quantidades, é possível trabalhá-las para agregar valor e gerar renda, fica a critério do produtor o que beneficiar. Mas, o leque de opções pode ir desde mudas, às próprias sementes, temperos e etc. Vale tanto o cultivo espalhado como o concentrado como, por exemplo, bordadura de cânfora, cobertura de solo com hortelã, cerca de manjericão com tomatinhos, cactos comestíveis, enfim, nessa relação homem/natureza a criatividade pode ultrapassar limites.As cercas vivas nos quintais são um espetáculo! Pode ter ervas e arbustos, integrados com medicinais e trepadeiras (maracujá, coqueiros, abacaxi, bromélia, chuchus, feijões trepadores), enfim, toda a flora, criando um corredor de amizade e um microclima com sombra e umidade e o plantio de variedades mais desejáveis ou duradouras, pois produzem oxigênio, fazem fotossíntese, acumulam energia, filtram poluição, absorvem ruídos, diminuem a intensidade dos ventos, alimentam e abrigam animais, regularizam a temperatura e umidade, além de favorecer propagação espontânea das próprias sementes.Essa produção pode subir a escada, conquistando o espaço vertical, com aproveitamento dos muros, que também podem ser elementos de integração e não somente de limitação, como pensa a maioria.Um detalhe importante é que convém evitar cercas vivas muito altas, que possam barrar a entrada de luz, ameaçar as construções e dificultar o manejo das espécies.Uma dica boa também é o aproveitamento de cultivo em escadaria, com degraus que facilitem, é claro, todo o manejo das plantinhas. Basta prever que as plantas mais altas fiquem mais próximas da divisa, e as mais baixas fiquem bem perto dos caminhos, com intermediárias no meio. Bom, é fato que o ganho com os espaços produtivos é um recurso bastante divertido e prático, pois por menor que seja o espaço que alguém possua, varandas de apartamento, janelas, sacadas, terraços, salas, é possível transformá-los em canteiros produtivos, utilizando potes, pratos, garrafas, caixas, uma gama de objetos. Convêm apenas ter os cuidados necessários para mantê-los, pois sabemos que os recipientes não podem conter a famosa água parada, contribuindo para o desenvolvimento de larvas de insetos transmissores de doenças, como a dengue. Depois é só abusar dos conhecimentos sobre a adubação orgânica e compostagem, enriquecendo os vasos com as próprias folhas das plantas aliadas ao aproveitamento dos restos de alimentos, como cascas de frutas, legumes, e tudo mais que forem orgânicos crus.Além do mais, esses espaços melhoram sua vida e a dos vizinhos. O bom de tudo isso é que se podem integrar plantas que precisam de sol e que se adaptam bem à sombra, como o gengibre, o agrião, as bromélias.Depois disso tudo e algo mais é só continuar sonhando!